Na reprodução animal detalhes fazem a diferença

Selecionar matrizes e reprodutores e definir a forma de acasalamentos são aspectos importantes.

Na reprodução animal detalhes fazem a diferença

*Alessandra Corallo Nicacio
Pesquisadora em reprodução animal (alessandra.nicacio@embapa.com.br)

A fase de cria pode ser vista como o ponto de partida para todo o processo de produção de gado de corte, afinal, seu resultado é o bezerro e toda a geração de proteína acontece a partir daí. E, ao contrário do que se diz de que é melhor ter um bezerro do que nenhum, melhor mesmo é ter um bom bezerro do que nenhum!
Sendo assim, nessa fase precisamos focar esforços para diminuir perdas com mortalidade de bezerros e falhas reprodutivas. As causas para essas perdas podem ser inúmeras, mas alguns fatores devem receber especial atenção, sempre. As condições nutricional e sanitária dos animais têm impacto direto sobre o desempenho reprodutivo de matrizes e reprodutores, bem como sobre o ganho de peso dos bezerros. Uma vez que os manejos nutricional e sanitário estão bem definidos, a reprodução passa a ser o foco do trabalho. Selecionar matrizes e reprodutores e definir a forma de acasalamentos são aspectos importantes.
Para selecionar as melhores matrizes é importante ter informações sobre o histórico reprodutivo das fêmeas, com dados sobre idade, partos anteriores, acasalamentos (tipo e datas), peso dos bezerros e falhas que tenham ocorrido. É aconselhável realizar um exame ginecológico para saber a condição atual do animal. Um médico-veterinário pode realizar o exame por palpação, ou utilizar um ultrassom, que permite um exame mais minucioso e preciso.
Ter o diagnóstico de gestação como uma rotina na fazenda é muito importante. Ao final da estação de monta, é essencial saber quais animais emprenharam, para se saber qual foi a eficiência reprodutiva. O médico-veterinário pode realizar o diagnóstico somente no final da estação de monta. Mas quando se utiliza inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é comum realizar um diagnóstico após cada protocolo e outro exame após o repasse ou final da estação. Quando se realiza mais de um diagnóstico é possível mensurar, ainda, um pouco das perdas que podem acontecer ao longo do período.
Outro ponto significativo é o índice de reposição, que não deve ser superior a 30%. Ressalta-se que a novilha que entra em reprodução num ano será a primípara do ano seguinte, categoria que costuma ter os índices de prenhez mais baixos. Colocando muitas novilhas em reprodução ao mesmo tempo, o índice de prenhez até pode ser bom, mas no ano seguinte esse índice será certamente ruim, comprometendo a produtividade.
Quando se faz um trabalho contínuo visando a melhoria do rebanho é preciso ter critérios bem claros para a seleção e descartes de animais. O mais comum é se considerar as falhas reprodutivas, ou seja, a matriz que saiu vazia da estação de monta deverá ser descartada.