Exames laboratoriais de rotina: entenda quais são, quando fazê-los e para que servem

Importante aliado à consulta e avaliação médica, os exames laboratoriais permitem diagnosticar deficiências nutricionais, altas concentrações de gordura e açúcar no corpo e disfunções na tireoide, fígado e rins

São Paulo, novembro de 2022 — A partir do avanço da ciência e tecnologia, os exames diagnósticos são cada vez mais decisivos na aplicação da mais adequada conduta médica de diversas patologias. Atualmente, as análises laboratoriais contemplam amplo leque de possibilidades que apoiam os profissionais médicos para detectar alterações metabólicas, diagnosticar doenças em estágios iniciais e analisar a necessidade de investigação complementar e/ou de tratamento. Sua utilização de acordo com diretrizes médicas mais atualizadas traz inúmeros benefícios aos pacientes.

 

De acordo com o Dr. Alberto Duarte, líder médico do Laboratório e Patologista Clínico do Hcor, dependendo do estado de saúde do paciente, podem haver mudanças nos exames de rotina solicitados e na frequência com que são realizados. No entanto, de maneira geral, o ideal é que sejam feitos, pelo menos, seis grupos de testes, uma vez ao ano. “O primeiro é o hemograma completo, que quantifica as células do sangue – glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. Níveis anormais desses componentes podem indicar deficiência nutricional, problemas de coagulação, infecções, distúrbios do sistema imunológico e até leucemia”, explica.

 

O segundo é o painel metabólico básico, que analisa cálcio, glicose, sódio, potássio, ureia e creatinina, por exemplo. “Alterações podem indicar doença renal, diabetes ou desequilíbrios hormonais”, esclarece. Uma análise mais completa também pode ser considerada através de um painel metabólico abrangente, que além dos testes básicos, conta com medições das proteínas séricas através de uma eletroforese, fosfatase alcalina (ALP), alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e bilirrubina. “Altos níveis dessas últimas enzimas podem indicar disfunções hepáticas, como cirrose, hepatite e câncer no fígado”, completa.
O terceiro é o de lipídeos, que verifica o “colesterol bom” e o “colesterol ruim”. “A lipoproteína de alta densidade (HDL) é ‘boa’ porque remove substâncias nocivas do sangue e ajuda o fígado a transformá-las em resíduos. Já a lipoproteína de baixa densidade (LDL) é ‘ruim’ porque pode causar o desenvolvimento de placas nas artérias, aumentando o risco de doenças cardíacas. Como complemento se impõem cuidados cardiológicos avaliados através de biomarcardores, como a troponina e o peptideo natriurético cerebral (NT-proBNP), que indicam lesões cardíacas e insuficiência cardíaca, respectivamente”, esclarece.
Ainda de acordo com o especialista, um quinto grupo de exames importantes no check-up é o dos hormônios, como os da tireoide. “Níveis anormais de tiroxina livre (T4 livre) e hormônio estimulante da tireoide (TSH) podem indicar hipotiroidismo, que pode prejudicar importantes funções corporais, como humor, nível de energia e metabolismo geral”, exemplifica o Dr. Duarte. Vale ainda acrescentar, no caso de um check up de mulheres, os hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona. No check-up masculino é importante verificar a testosterona e fazer uma análise da próstata por meio do PSA livre e total. Estes últimos, principalmente após os 50 anos de idade”, indica.
Com o advento de pandemias, como a promovida pelo SARS-CoV-2, o aumento da frequência de outras infecções virais e o crescimento de casos de câncer, passou a ser importante no check-up anual um sexto grupo de exames para avaliar o sistema imunológico. “Parte desta análise já está inserida na contagem de células brancas do hemograma, mas a quantificação dos níveis de IgG, IgA e IgM séricos se mostram importantes para a avaliação da resposta humoral. Da mesma forma, podemos analisar a memória imunológica com a pesquisa de anticorpos a infecções frequentes, que passam muitas vezes despercebidas, como mononucleose infecciosa (EBV), citomegaloviroses (CMV), toxoplasmoses, hepatites A, B e C. A avaliação da resposta imunológica humoral recente pode ser aferida por meio da pesquisa de anticorpos antipneumococos e anti-hepatite B pós-vacinação específica”, detalha o Dr. Duarte.
Ainda, e não menos importante, também é indicada a realização de testes para infecções sexualmente transmissíveis (IST), como hepatites, HIV e sífilis. “Aqui, vale ressaltar que existe uma ‘janela’ para detecção do vírus HIV na análise laboratorial. Havendo suspeita de infecção e se o teste inicial for negativo, deve ser indicada a repetição do exame após 30 dias”.