Ministro do TSE defende uso da Inteligência Artificial para frear fake news nas eleições

Ministro do TSE defende uso da Inteligência Artificial para frear fake news nas eleições

Durante palestra em São Paulo, André Ramos Tavares afirmou que o combate à desinformação não pode depender de ações isoladas e que o uso de IA é imprescindível para garantir a liberdade do voto e proteger a democracia

 

Na noite da última segunda-feira (15), o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), André Ramos Tavares, defendeu o uso estratégico da Inteligência Artificial no enfrentamento à desinformação eleitoral. O discurso foi feito durante a palestra “Democracia defensiva e seus dilemas”, apresentada à 8ª turma de pós-graduação da Escola Judiciária Eleitoral Paulista (Ejep), do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).

 

O evento foi aberto pelo presidente do TRE-SP e diretor da Ejep, desembargador Silmar Fernandes, que falou da grande extensão do currículo de Ramos Tavares, destacando que ele é professor da USP, autor de 20 livros, vencedor do Prêmio Jabuti em 2007, ex-pró-reitor da PUC-SP e fundador de instituições jurídicas, como a Associação Brasileira de Direito Processual Constitucional (ABDPC) e o Instituto Brasileiro de Estudos Constitucionais (Ibec).

 

Ao abordar os desafios da era digital, o ministro enfatizou a importância do uso da tecnologia. “É impossível combater a divulgação de informações falsas sem o uso da Inteligência Artificial. É cara, poucas entidades privadas no mundo têm uma IA de ponta, mas é impossível para o Judiciário combater fake news com ações pontuais. Esse não é apenas um problema eleitoral, é um problema generalizado da sociedade.”

 

Segundo Ramos Tavares, o uso de desinformação afeta diretamente o direito de escolha da população. “O eleitor só tem liberdade na sua escolha se ele não for teleguiado por informações falsas. A partir do receituário das plataformas digitais, que conhecem o seu comportamento e preferências, vai-se minando a sua liberdade de escolha com fake news para extrair comportamentos eleitorais específicos.”

 

Durante a palestra, ele também destacou o conceito de “democracia defensiva”, um tema emergente impulsionado por eventos recentes no Brasil. O ministro alertou para a necessidade de se compreender o papel do direito digital e dos instrumentos jurídicos disponíveis para a defesa institucional da democracia. “É preciso entender de quem é o dever de proteger a democracia e como fazê-lo de forma eficiente.”

 

O ministro elogiou ainda ações recentes do TSE nesse sentido, como a equiparação das plataformas digitais aos canais tradicionais de comunicação para fins de sanções legais e a criação do Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (CIEDDE), que reúne mecanismos para acelerar a identificação de notícias falsas.

 

“O pluralismo de ideias é não só bem-vindo, como necessário em uma democracia. Eu preciso conviver com ideias com as quais eu não concordo, isso é democracia. Mas liberdade de expressão não pode ser confundida com liberdade de enganar”, reforçou.

 

Além dos alunos da pós-graduação, também prestigiaram a palestra o coordenador pedagógico da Ejep e conselheiro Richard Pae Kim e o desembargador do TJSP e vice-diretor da Escola Paulista da Magistratura (EPM), Ricardo Cunha Chiment.