A proporção de idosos no total de mortes por Covid-19 diminuiu no estado de São Paulo nos meses de março e abril, em comparação com a média histórica da pandemia, segundo dados preliminares do Ministério da Saúde.
Em abril e março, 66% das vítimas do coronavírus em São Paulo foram idosos. Em outubro e novembro de 2020, essa proporção chegou a ser de 80% das vítimas.
Os dados do Ministério da Saúde, no entanto, são preliminares, porque óbitos ocorridos em março e abril deste ano ainda podem ser contabilizados no sistema, com atraso, nos próximos dias – o que pode afetar também a proporção de mortes por faixa etária desses meses.
O levantamento da TV Globo leva em consideração 100.220 mortes por Covid-19 no estado de São Paulo contabilizadas no sistema Datasus até a última quarta (19). A análise avalia apenas os registros com detalhes como a idade das vítimas e a data de ocorrência do óbito.
Para especialistas, a redução da proporção de idosos no total de mortes pode estar relacionada à expansão da vacinação nas faixas etárias mais velhas. No entanto, o número absoluto de mortes aumentou em todas as idades em março, pior mês da pandemia no estado de São Paulo.
Considerando as mais de 100 mil mortes analisadas, os idosos representam 73% das vítimas ao longo de toda a pandemia.
No entanto, entre as 37.140 mortes ocorridas entre março e abril, a proporção de idosos cai para 66%.
Enquanto a proporção de idosos entre os mortos diminui, os óbitos de pessoas mais jovens se tornam mais representativos.
Em março deste ano, o total de mortes entre pessoas com idade de 40 a 59 anos foi, pela primeira vez, maior do que o número de mortes daquelas com mais de 80 anos. Foram 5.039 vítimas com 40 a 59 anos naquele mês, contra 3.448 entre os maiores de 80.
Apesar disso, a faixa etária de 60 a 79 anos ainda é a que tem o maior número de óbitos pela Covid-19, com 9.679 vítimas em março, o que equivale a metade das mortes registradas naquele mês.
Evolução da Covid-19 em SP
O estado de São Paulo chegou nesta sexta-feira (19) ao total de 107.017 mortes por Covid-19 e a 3.163.859 casos confirmados da doença.
A média móvel de novas mortes, que considera os registros dos últimos sete dias, é de 503 óbitos diários nesta sexta. O valor é 5% menor do que o registrado há 14 dias, o que para os especialistas indica tendência de estabilidade da epidemia.
Embora a média móvel de mortes esteja menor do que a registrada no pico da doença em abril, o valor ainda é muito superior ao registrado no pior momento de 2020, quando a maior média móvel foi de 289. O estado continua com o número de mortes estabilizado em patamar considerado muito alto.
Flores em cima de túmulos de vítimas da Covid-19 no cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, em foto de 17 de abril. — Foto: KAREN FONTES/ISHOOT/ESTADÃO CONTEÚDO
O número de novas internações pela doença também parou de cair, o que pode indicar um novo aumento de mortes nos próximos dias.
A taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em toda a rede hospitalar é de 79,2% no estado e 76,7% na Grande São Paulo. Levantamento realizado em hospitais privados, no entanto, já aponta ocupação acima de 80% na rede privada.
Governo prevê piora da pandemia
Em coletiva de imprensa na última quarta-feira (19), a gestão estadual admitiu que pode haver um crescimento nos números de internações e mortes por Covid nos próximos dias, mas defendeu que os indicadores não serão piores do que os verificados no pico da pandemia e que, por isso, uma nova flexibilização da quarentena é acertada.
“Os dados que temos para as próximas semanas [mostram que] vamos viver uma estabilidade e um possível aumento desses números”, afirmou o coordenador executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, na última quarta.
Ele afirmou que o número de pessoas internadas deve crescer, mas a projeção estadual é a de que permaneça inferior ao verificado no pior momento da pandemia.
“Então a gente tem uma previsão de um pequeno aumento que não vai chegar nem próximo do que tivemos na fase mais dura”, completou.
O porta-voz admitiu até mesmo que o número de mortes diárias deve aumentar nas próximas semanas, a despeito dos anúncios de flexibilização da quarentena.
“Em relação ao número de óbitos, hoje nossa média móvel de sete dias está em torno de 500. No período mais difícil, nós estávamos com 850 óbitos. Temos expectativa de que ainda nos próximos dias possa aumentar. É possível que nós cheguemos, no máximo, a 600 óbitos [por dia] de média móvel. Mas, com a progressão da vacinação, a gente vai ter redução do número de casos graves”, afirmou Gabbardo.
Por Ana Carolina Moreno e Patrícia Figueiredo, TV Globo e G1 SP — São Paulo