Um mês após início das restrições mais rígidas contra Covid-19, Curitiba registra queda de 43% nos casos ativos

Em um mês, Curitiba registrou, na terça-feira (13), queda de 43% no número de casos ativos de Covid-19 na cidade, de acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

No dia 13 de março, a cidade tinha 12.655 pessoas com Covid-19 com potencial de transmissão do vírus. Um mês depois, o número caiu para 7.168 pessoas infectadas no município.

De acordo com a prefeitura, o resultado é reflexo das medidas restritivas adotadas na cidade para tentar frear a pandemia do coronavírus.

“Os números ainda são altos, ainda refletem uma situação que inspira muitos cuidados, mas são reflexo do período de restrições de mobilidade”, afirmou a infectologista da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Marion Burger.

A redução aconteceu após a cidade passar 23 dias com o decreto da bandeira vermelha em vigor, que proibia o funcionamento de atividades não essenciais na região.

Casos ativosde Covid-19 caem após medidas restritivas em Curitiba
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Fonte: SMS

Depois, no dia 5 de abril, a cidade adotou novamente a bandeira laranja, que mantém parte das restrições, como o toque de recolher e limitação do funcionamento dos supermercados apenas por delivery aos domingos, e afrouxa outras medidas.

São considerados casos ativos pessoas que estão internadas com Covid-19 ou que testaram positivo nos últimos 14 dias. Por isso, segundo a prefeitura, o reflexo das medidas restritivas demoram pelo menos duas semanas para aparecer nos indicadores da pandemia.

Alguns dias após o decreto da bandeira vermelha, a cidade chegou a ter 14.271 casos ativos de Covid-19, o segundo maior número de toda a pandemia.

O pico anterior tinha sido atingido na primeira semana de dezembro, quando 14.616 pessoas estavam com a doença na cidade. A diferença é que naquela época a proporção de casos graves que demandavam internação era menor.

“A onda de infecções de fevereiro e março de 2021 foi semelhante em número de casos a que vimos em novembro e dezembro de 2020, mas a gravidade destes casos pressionou muito mais o sistema de saúde”, disse Marion.

No período, a cidade chegou a ter todos os leitos de UTI do SUS ocupados com pacientes com Covid-19 ou suspeita da doença.

Indicadores

A média móvel de novos casos e a fila de pacientes à espera por uma vaga de enfermaria ou UTI em hospital também caíram no período.

Em 13 de março, quando a bandeira vermelha entrou em vigor, a média móvel de casos estava em 1.234. Um mês mais tarde, ela caiu quase pela metade, a 648.

No mesmo período, a fila de espera caiu de 418 para 128 pacientes.

Curitiba tem cerca de 500 pessoas internadas em UTI Covid-19 — Foto: Geraldo Bubniak/AEN-PR/Divulgação

Curitiba tem cerca de 500 pessoas internadas em UTI Covid-19 — Foto: Geraldo Bubniak/AEN-PR/Divulgação

Por outro lado, o número de pessoas internadas com Covid-19 ou suspeita da doença aumentou ao longo do mês. No dia que a bandeira vermelha entrou em vigor, 452 estavam internadas na cidade. Na terça-feira (12), eram 502 internados.

“Como mais pessoas jovens estão desenvolvendo a doença em níveis mais graves, o período de internamento acaba sendo mais longo. Por isso, a queda neste indicador pode demorar mais alguns dias”, afirmou a infectologista da SMS.

A média móvel de mortes também se manteve alta. Estava em 31 mortes quando a bandeira vermelha foi decretada, chegou a 45 mortes diárias em média em 23 de março e caiu para para 31 mortes em média na segunda-feira.

Impacto das medidas

Para o epidemiologista e infectologista Moacir Ramos, a adoção das medidas restritivas é um dos fatores que resultou na queda no número de pessoas infectadas pela Covid-19 na cidade.

De acordo com ele, é preciso considerar também o impacto da vacinação, a diminuição de pessoas suscetíveis às novas mutações que estão em circulação e o aumento dos cuidados individuais.

“São vários fatores. Como aumento de casos graves há algumas semanas, a pandemia chegou mais perto de mais pessoas. Isso assusta muita gente que não estava se cuidando e passou a se cuidar”, afirmou o médico.

Para infectologista, vacinação também impactou na queda de casos ativos na cidade — Foto: Daniel Castellano/SMCS

Para infectologista, vacinação também impactou na queda de casos ativos na cidade — Foto: Daniel Castellano/SMCS

Alerta

De acordo com Moacir Ramos, este comportamento, no entanto, tende a ser temporário, especialmente com a redução no número de casos.

“Isso acontece em toda epidemia. Inclusive outras viroses respiratórias se comportaram assim. Com a desaceleração, as pessoas tendem a voltar a se descuidar, e corremos o risco de uma nova onda muito grave voltar, principalmente porque estamos nos aproximando do inverno”, afirmou.

Para a epidemiologista da SMS, Marion Burger, é fundamental que os cuidados sejam mantidos pelos próximos meses.

“Se houver relaxamento, sem dúvidas teremos novas ondas. Se conseguirmos manter um comportamento mais seguro, com maior rigidez nos cuidados, poderemos, pelo menos, garantir assistência de saúde a todos que evoluírem para casos graves”, disse.

Ações de combate à pandemia

Com a situação ainda em alerta, as medidas de segurança epidemiológica como uso de máscaras, distanciamento, higienização das mãos e manutenção de locais ventilados devem ser preservadas mesmo com o avanço da vacinação.

“A vacinação é importante, é fundamental, mas só vamos poder considerar a pandemia controlada quando o número de casos cair drasticamente por um longo período de tempo”, alertou Marion Burger.

Para o médico Moacir Ramos, outra medida que pode ajudar a evitar um novo colapso no sistema de saúde é a intensificação dos testes e rastreamento de casos na cidade.

De acordo com ele, o ideal é aumentar o número de testes em pessoas assintomáticas que tiveram contato com pessoas infectadas.

“É uma forma de descobrirmos mais pessoas com potencial de transmissão do vírus e evitar uma nova onda”, disse.