Paciente chega ao Hospital 28 de Agosto, em Manaus, em meio a novo surto de Covid-19. — Foto: Michael Dantas/AFP
Manaus registrou, neste domingo (21), o menor número de internações diárias de pacientes com Covid-19 desde novembro de 2020. Foram 19. O número é o menor desde o dia 25 de novembro, quando a capital amazonense teve 16 registros de hospitalizações pela doença.
Os dados são da Fundação de Vigilância e Saúde do Amazonas (FVS-AM). No entanto, segundo o boletim de domingo (21), o estado tem 934 pessoas internadas com a doença ou suspeita dela. 44 aguardam na fila por um leito, seja de UTI ou clínico. O número total de casos confirmados se aproxima dos 340 mil e as mortes quase 12 mil.
No dia 14 de janeiro, quando Manaus enfrentou o primeiro dia da crise da falta de oxigênio, foram registradas 254 internações por Covid-19. Naquela mesma semana, nos dias 11 e 12, foram 242 hospitalizações, em ambos os dias.
Na primeira onda da doença, entre os meses de abril e maio de 2020, o número de internações foi menor em relação à segunda. Nos dias 22 de abril e 4 de maio, foram registrados os maiores patamares daquele período: 104 hospitalizações em 24h.
Mas para o pesquisador da Fiocruz Jesem Orellana, é preciso cautela em relação aos números. Segundo ele, existem diversos fatores que precisam ser analisados antes de se confirmar, de fato, a redução no número de internações pela doença.
“Essas redução era esperada, mas isso não quer dizer que não tenhamos mais pessoas suscetíveis. Temos muitos ainda, talvez cerca 30 a 40% da população ainda não se infectou, segue em quarentena e nós precisamos ter muita cautela. Esse período pós-relaxamento engana bastante. Porque você tem número de contagio, de novos casos, internações e mortes geralmente baixos comparado com o pico, e isso dá uma sensação de tranquilidade”, explicou.
O pesquisador também explicou que para que isso seja contornado é necessária a vacinação em massa da população, já que com o relaxamento das medidas de distanciamento social o vírus pode sofrer uma pressão imunológica e com isso surgir novas mutações.
“Até o final de abril provavelmente vamos estar com boa parte da população acima de 50 anos de Manaus vacinada. Só que nós sabemos que quem faz o vírus circular são os jovens. Então você vai ter duas situações: da transmissão comunitária ativa na cidade e uma pressão que está sendo feita no vírus. E ele vai se dar conta disso em relação à vacinação. Ele vai perceber que o ambiente está desfavorável para ele e poder mutar de uma forma bastante ameaçadora e jamais vista”.
Estado começa a retomar serviços não-essenciais
Diferente do restante do país que vê uma segunda onda da Covid-19 se espalhar rapidamente, o Amazonas começa a flexibilizar atividades e serviços-não essenciais. Isso porque, o estado passou pelo pior momento da pandemia no início de 2021. Recorde de internações, falta de oxigênio e a transferência de pacientes marcaram os meses de janeiro e fevereiro no estado.
Além disso, o Amazonas continua no topo do ranking de vacinação. A imunização começou no dia 18 de janeiro e já foram repassados ao Governo mais de 1 milhão de doses do imunizante contra o coronavírus. Com o avanço da campanha, Manaus já encerrou a vacinação de profissionais da saúde e agora segue vacinando idosos de até 60 anos.
A previsão é que pessoas com cormorbidades e profissionais da área da segurança pública comecem a ser vacinados nos próximos dias, de acordo com o governador Wilson Lima.