Quem nunca mudou seu tom de
voz para falar com um bebê?
É quase automático usarmos uma
linguagem infantilizada, mais lenta e
simples, muitas vezes imitando um
bebê aprendendo a falar, esse modo
de conversar é chamado ‘Baby Talk’.
No entanto, essa linguagem
infantilizada é bem recebida pelos
pequenos? Seu uso, mesmo que
automático, traz benefícios ao
desenvolvimento da criança?
Baby talk: Uma ação automática
É instintivo usar a ‘fala de bebê’,
ao se dirigir a crianças, em especial
nos primeiros anos de vida, alterar
o ritmo de voz, repetir sílabas desconexas, simplificar e lentificar a
fala é uma ação que está ligada no
automático.
Baby Talk é o nome dado a esse
modo de comunicação característico
da fala direcionada a crianças, em
um primeiro momento pode parecer
apenas uma maneira carinhosa e
afetiva de tratar os pequenos, mas a
ciência explica os benefícios desse
tipo de fala para a interpretação e
desenvolvimento das crianças.
Esse modo de falar não é puramente cultural pois em diversos países, culturas e idades é observado
o uso do Baby Talk, então seria
esse comportamento algo do instinto
humano?
Normalmente, o Baby Talk é
praticado com crianças menores
e bebês em idade de desenvolvimento, nessa fase essa fala é fundamental para o desenvolvimento
saudável do cérebro das crianças,
principalmente as conexões neurais
que dependem da interação
que os bebês têm, interações
essas que são potencializadas com o uso do Baby Talk.
Como os bebês interpretam o Baby Talk?
A voz humana faz parte do
cotidiano do bebê, podendo
ser ouvida desde a barriga
da mãe por volta do 5º mês
de gestação, o contato com a
fala humana ajuda no desenvolvimento da sua própria oralização e ampliação do seu
vocabulário, como explica o
Pós PhD em neurociências
e mestre em psicologia, Dr.
Fabiano de Abreu Agrela.
“O “sinal” do processamento de palavras é mais
forte quando crianças com
desenvolvimento típico ouvem
palavras faladas em entonação semelhante a de bebês,
em vez de falas dirigidas ‘ao
modo’ adulto, este é mesmo o
caso com crianças de até 36
meses. A maneira como falamos instintivamente com os
bebês – tom mais alto, velocidade mais lenta, pronúncia
exagerada – não apenas os
atrai, mas provavelmente os
ajuda a entender o que estamos dizendo”
O uso do Baby Talk estimula mais fortemente a compreensão e atenção da criança, pois ela também é capaz
de identificar sutis mudanças
na entonação da fala, como
ritmo, imitação e velocidade,
que influenciam diretamente
na capacidade de compreensão dos pequenos.
“Eu sempre digo que devemos conversar com os nossos
filhos, com argumentos e cultura de acordo com a idade
da criança. Não estou falando
em dizer as mesmas gírias
ou estaremos ‘deseducando’.
Mas seguir uma linha de
raciocínio de acordo com a
maturidade relativa e condicionar este conhecimento ao
tipo de fala utilizado.”