Jovem com deficiência intelectual supera obstáculos ao se tornar atleta e participar das Paralimpíadas de Paris: ‘Muita aptidão física’, diz professor
Uma jovem com deficiência intelectual, natural de São José do Rio Preto (SP), superou diversos obstáculos ao se tornar atleta e participar das Paralímpiadas de Paris, na França, no ano passado. Evellyn Pereira dos Santos, de 21 anos, é atleta profissional de tênis de mesa paralímpico.
Além da deficiência intelectual, ela utiliza um aparelho por conta da perda auditiva. Classificada como classe 11 no tênis de mesa paralímpico, categoria que é destinada a pessoas com deficiência intelectual, a jovem começou sua trajetória esportiva na Associação Renascer de Rio Preto em 2015.
Ao g1, o professor de educação física Bruno Ramires lembrou que, à época, Evellyn tinha 11 anos e ingressou em um projeto de futebol para deficientes após demonstrar algumas habilidades.
“Ela já demonstrava muita aptidão física para o esporte, gostava de jogar futebol com os meninos, mas o futebol para deficientes intelectuais não tinha nenhum tipo de competições oficiais. Na época, as únicas competições eram o atletismo e o tênis de mesa”, explica.
Notando o bom desempenho da aluna, o professor decidiu fazer um teste com tênis de mesa. Evellyn revelou à reportagem que foi o início de um grande sonho.
“Quando peguei na raquete pela primeira vez, tive certeza de que queria ser atleta profissional de tênis de mesa”, conta.
Com o passar do tempo, a jovem demonstrou grande empenho e rápida evolução, além de ter tomado gosto pela modalidade esportiva. A partir daí, Evellyn começou a participar de competições por meio dos Jogos Escolares Paraolímpicos do Estado de São Paulo.
Antes de se profissionalizar, ela garantiu três títulos escolares a nível estadual e, pouco tempo depois, outros três a nível nacional.
Em seguida, a aluna já era considerada profissional e conquistou quatro títulos brasileiros pela categoria de classe 11, em 2024. À época, já almejava competições internacionais, só não sabia que o sonho estava cada vez mais perto de se tornar realidade.
Além das competições nacionais, Evellyn foi uma das representantes do Brasil nas Paralímpiadas de Paris. Ela lembra que foi um período mágico e inesquecível.
“Estar em Paris foi incrível, participar do maior evento esportivo do mundo foi sensacional”, revela.
Para chegar às Paralímpiadas, a atleta precisou fazer adaptações na rotina, incluindo uma mudança de cidade. Aos 17 anos, já não podia participar dos jogos escolares devido à idade.
Foi quando precisou se mudar para Bauru (SP), onde treinou em um clube e morou com outros atletas. Um período que marcou o início de sua carreira profissional na fase adulta.
Segundo a jovem, esse começo foi desafiador, pois ela precisou “se virar” longe da família e dos amigos.
“Foi a situação mais difícil, mas, com ajuda e apoio de todo mundo, eu consegui superar essa dificuldade, que era ter que deixar meus amigos e família”, explica.
Depois dessa passagem por Bauru, a atleta foi para São Paulo (SP) e conseguiu integrar a equipe de treinamento permanente da seleção brasileira de tênis de mesa paralímpico. Atualmente, ela reside na capital paulista e representa o clube New Pong de Rio Preto.
Para o professor Bruno, dada a trajetória que Evellyn percorreu, ela pode ser resumida em uma palavra.
“Superação né? É a cara dela, por todos os obstáculos e dificuldades, idas e vindas de Rio Preto a Bauru de carro. É difícil você sair da sua casa e morar em um lugar diferente, principalmente pela deficiência intelectual que atrapalha um pouco”, finaliza o professor.
*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza