Potencialidades do Semiárido para a agricultura brasileira
Maria Auxiliadora Coêlho- (Chefe-geral- Embrapa Semiárido)
O Semiárido brasileiro tem características muito desafiadoras. A maioria dos seus municípios apresenta pluviosidade inferior a 800 mm anuais. A evapotranspiração é, em média, de 2000 mm ao ano, superando a precipitação em praticamente três vezes. Nessa perspectiva, é possível analisar o tamanho do desafio que é promover o desenvolvimento da agropecuária na região. O compromisso de contribuir para uma realidade produtiva que permita evolução nos indicadores socioeconômicos atuais impulsiona a pesquisa para o desenvolvimento de soluções tecnológicas adaptadas à condição local, gerando incrementos de produtividade e oportunidade de renda.
Na região, convivem duas agropecuárias: uma tipicamente dependente de chuva e outra que utiliza a irrigação das águas do Rio São Francisco como motor que impulsiona a economia e o desenvolvimento social. Nesses dois espaços, há diferentes atividades sendo desenvolvidas e atendendo ao público diverso do Semiárido.
Para as áreas dependentes de chuva, a pecuária é um elemento importante, sendo a caprinovinocultura sua atividade principal. Cerca de 30% do rebanho caprino nacional está localizado no Semiárido, a maior parte em propriedades de agricultores familiares. Há também microrregiões que têm uma pecuária bovina de bastante relevância e bacias leiteiras consolidadas, que movimentam a economia, em especial, no limite entre o Semiárido e o litoral – o Agreste. Nestas microrregiões, onde a precipitação pluviométrica é relativamente maior, instalou-se e vem crescendo a agroindústria de produtos derivados de leite.
No segundo contexto, a agricultura irrigada trouxe a possibilidade de desenvolvimento de uma fruticultura sólida, em que os avanços tecnológicos notavelmente promovem a evolução contínua das cadeias produtivas, com destaque para três delas: melão, uva e manga. A dimensão dessa realidade, amparada pela irrigação e pelas tecnologias que lhe são associadas, é estimada quando se constata seu crescimento em poucas décadas. Os avanços ressaltam a diversificação da produção, que tornou a fruticultura do Semiárido competitiva diante do mercado nacional e internacional, trazendo um crescimento fantástico para alguns pólos de irrigação no Nordeste.