Conservar e usar o solo
Júlio Cesar Salton (Pesquisador)
Embrapa Agropecuária Oeste
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) propôs e virou Lei (n° 7.876 de 13/11/1989) comemorar no dia 15 de abril, o “Dia Nacional da Conservação do Solo”. Essa data foi escolhida em homenagem ao nascimento de Hugh Hammond Bennett, considerado o “pai” da conservação do solo nos Estados Unidos. A atuação desse pesquisador foi fundamental para o estabelecimento, nos Estados Unidos, do Serviço Nacional de Conservação do Solo, com reflexos muito relevantes dentro e fora do país, inclusive no Brasil. Essas ações foram, de certa forma, consequências da ocorrência de um fenômeno conhecido por “Dust Bowl” – intensos e frequentes episódios de erosão eólica em vastas extensões na região das Grandes Planícies americanas, ocorridos na década de 1930, com consequências ambientais e econômicas que afetaram todo o país.
Aqui no Brasil, nas décadas de 1970 – 1980, a erosão hídrica causava enormes perdas nas áreas de lavouras do sul do país. As consequências da sucessão soja/trigo, com o uso excessivo de arações e gradagens, levavam enormes quantidades de solo (adubos, calcário, matéria orgânica…) para os rios e destruíam estradas e construções, com danos social e econômico imensos. Como resposta, agricultores, empresas de pesquisa e de assistência técnica, junto com indústrias do setor, desenvolveram o Plantio Direto – sistema de cultivo sem o preparo do solo, com manutenção da cobertura permanente da superfície e com rotação de culturas. A adaptação e difusão deste sistema permitiu seu uso em todo o país com resultados expressivos e é possível de que tenha sido um dos fatores que viabilizaram a produção de grãos na região dos Cerrados.
A Embrapa Agropecuária Oeste tem participado deste processo, com pesquisa e desenvolvimento de conhecimentos e tecnologias para a conservação do solo. Os primeiros trabalhos relacionados à conservação do solo, logo no estabelecimento da área experimental, foram de quantificação de perdas por erosão em diferentes formas de manejo do solo em parcelas de perdas de solo por chuva natural. Posteriormente a adaptação de semeadoras para o Plantio Direto, herbicidas para dessecação, culturas de cobertura para produção da palhada necessária e uma série de trabalhos de pesquisa e de transferência de tecnologias ao longo dos anos. Na década de 1990 iniciaram-se trabalhos com o uso de pastagens para produção de palhada e rotação de culturas – os sistemas de integração lavoura-pecuária.