O vídeo de uma médica ginecologista, que realiza plantões na Santa Casa de Penápolis (SP) e discutia com uma paciente, grávida de 32 semanas e que estava internada, causou revolta e fez com que a administração do hospital – que está sob intervenção da Prefeitura – averigue o que, de fato, ocorreu para que houvesse o desentendimento.
As imagens repercutiram nas redes sociais no final de semana. O caso ocorreu na última sexta-feira (23). A gestante postou no Facebook que, na quinta (22), deu entrada na unidade com a pressão alta – 18 por 10 – e, diante do quadro, o médico que atendeu não a liberou, permanecendo no hospital recebendo atendimento e sendo monitorada.
Na troca de plantão na sexta, a profissional envolvida no caso e que possui parentesco com a vice-prefeita, teria feito uma nova avaliação, constatando que a pressão estava 15 por 8 e que, por isso, receberia alta. Ainda conforme a publicação, ela questionou o motivo, quando a médica teria dito algo que não gostou.
A postagem chegou ao conhecimento da profissional, que foi até o quarto questionar e pedir para que fosse retirado do ar. A paciente iniciou imediatamente uma transmissão ao vivo nas redes sociais, quando houve uma discussão entre ambas.
MÃE
Conforme o vídeo, neste momento, a médica passou a dizer que, caso não fosse apagada a postagem, a mãe da jovem, que é funcionária do setor de limpeza da Santa Casa, seria demitida, pois, segundo ela, “teria força para isso”.
Uma enfermeira que acompanha a discussão e também aparece no vídeo, ainda tenta intervir para acabar com o desentendimento. Segundo o que foi apurado, inicialmente, o hospital suspendeu a profissional que exerceria durante todo o final de semana o plantão ainda na manhã de sábado (24). Ela não seria mais colocada nas próximas escalas. A gestante havia sido transferida para a Santa Casa de Araçatuba, onde permanecia sob cuidados médicos.
A profissional fez um boletim de ocorrência no plantão policial na tarde do mesmo dia. Ela relatou que estava de serviço na unidade, quando a mãe da paciente teria conversado com ela para deixar a filha internada, pois estava muito nervosa e com “problemas em casa”.
A médica contou que, após isso, retornou para falar com a paciente e explicar o motivo da alta, quando uma enfermeira teria comentado que a jovem havia proferido xingamentos contra ela e publicado nas redes sociais um texto reclamando da alta que tinha recebido.
Ainda conforme o BO registrado, a médica teria pedido para que a publicação fosse retirada, “pois não tinha fundamento”, quando a gestante iniciou um vídeo ao vivo pelo Facebook e que ao avisá-la da alta médica, um enfermeiro estava presente na ala.
CÂMARA
No mesmo dia, a comissão de saúde da Câmara, formada pelos vereadores Júlio Caetano (PSD), Paulinho do Esporte (União Brasil) e Isanoel Ditinho (Podemos), acompanhados da presidente do Legislativo, Leticia Sader (MDB), Altair Reis (Cidadania) e Professora Jandinéia (PT), estiveram na unidade, com o objetivo de averiguar os acontecimentos.
O grupo foi recebido pelo médico e diretor clínico Francisco Balsalobre. Na oportunidade, ele explicou que, num primeiro momento, a medida adotada foi a de dar suporte a gestante e ao filho, tendo sido, inclusive, solicitado uma vaga em Araçatuba para avaliação da paciente.
Os outros fatos relatados no vídeo foram encaminhados à direção e ao jurídico da Santa Casa para avaliação e providências cabíveis. A comissão, após se inteirar das versões apresentadas, fará os encaminhamentos que julgar necessários, com o objetivo de garantir a harmonia no ambiente hospitalar, tanto para a equipe médica e, principalmente, para o munícipe.
HOSPITAL
Em nota, a Santa Casa informou que, “para permanecer a harmonia e o atendimento humanizado, medidas administrativas em relação aos colaboradores envolvidos já estão sendo tomadas”, porém, sem especificar quais são.
Ainda conforme o documento, o hospital acrescentou que “não compactua com quaisquer atitudes de seus colaboradores, que vão ao desencontro com sua missão institucional e ética”, reafirmando o “compromisso com a qualidade o bom atendimento a todos que precisam”.
Segundo reportagem, o Jornal INTERIOR encaminhou para a Prefeitura questionamentos. Dentre eles, sobre quais a medidas foram tomadas e as que serão adotadas e se a profissional foi afastada de suas funções, porém, não houve retorno até o fechamento desta edição.
A Irmandade, também em nota, manifesta solidariedade à paciente, sua família e colaboradores citados e que “não é responsável pela administração do hospital, sob intervenção da Prefeitura desde 15 de abril de 2021”.
“Repudiamos a conduta da profissional médica envolvida, bem como a tentativa da atual administração municipal de confundir as pessoas de boa fé de Penápolis e região, divulgando nota de esclarecimento em nome da diretoria da Irmandade”, pontuou.
Ainda segundo o documento, medidas cabíveis serão adotadas, para que os responsáveis pela intervenção da Prefeitura não voltem a repetir esse tipo de conduta e assumam a responsabilidade pelos seus atos.
fonte: ocnet.com.br