Apneia do sono ​x problemas cardiovasculares: especialistas explicam como as dificuldades para dormir bem podem significar algo mais grave

SAOS atinge 33% da população brasileira, mas muitas pessoas sequer sabem que ​têm a doença, alertam ​médicos do sono do Hospital Paulista​

Crédito da imagem: Shutterstock
A qualidade do sono é uma preocupação constante de médicos e pacientes mundo afora, dada a importância que o bom descanso tem para a qualidade de vida. Pesquisa do Ministério da Saúde indica que 50% dos brasileiros sofrem com alguma dificuldade para dormir, estando a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) entre as principais doenças, atingindo cerca de 33% da população adulta.

Como a doença aumenta os riscos de desenvolver problemas cardiovasculares, que são a principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e muitas pessoas nem sequer sabem que sofrem de apneia do sono, os cuidados precisam ser redobrados.

Os médicos do sono Dr. Braz Nicodemo Neto e Dr. Nilson André Maeda, ambos otorrinolaringologistas do Hospital Paulista, explicam que as pessoas que sofrem de SAOS nas formas moderadas e graves, mas não tratam a doença, têm ainda mais chances de desenvolver problemas do coração.

Segundo os especialistas, a SAOS pode estar presente em 50% dos pacientes portadores de fibrilação atrial, chegando a 80% nos casos de fibrilação atrial crônica persistente, e em 30% dos pacientes coronarianos. Estudos apontam ainda que entre 12 e 53% das pessoas que têm a síndrome também sofrem de insuficiência cardíaca, e que a sua prevalência em pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) é muito mais alta do que na população geral, podendo chegar a 70%.

Por conta da correlação entre a síndrome e os riscos ao coração, os cardiologistas costumam encaminhar os pacientes com eventuais sinais de apneia para realização da polissonografia, exame não invasivo que mede a atividade respiratória, muscular e cerebral (além de outros parâmetros) durante o sono.

Quando não tratada, a apneia do sono ainda pode levar a casos de hipertensão arterial sistêmica. Conforme os médicos, ao menos 35% dos hipertensos também sofrem com a síndrome, podendo chegar a 70% em casos de hipertensão arterial refratária, considerada mais difícil de controlar.

Paradas respiratórias
A apneia obstrutiva do sono trata-se de uma limitação do fluxo de ar que ocorre na faringe, sendo mais intensa que apenas um ronco, levando a repetidas paradas respiratórias enquanto o indivíduo dorme.

Dr. Braz ressalta que estas pausas causam a diminuição da oxigenação e pequenos despertares, estimulando o sistema nervoso simpático – responsável por preparar o corpo para lidar com situações de estresse ou emergência -, e podendo ocasionar uma vasoconstrição, levando a um quadro de hipertensão arterial sistêmica.

“A diminuição da oxigenação, seguida de uma reoxigenação, é capaz de formar radicais livres que levam a um estresse oxidativo considerável, que contribui para as doenças cardiovasculares.”

Diagnóstico

Sabendo dos riscos da correlação entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono e as doenças cardiovasculares, principalmente quando ela não é tratada, é de suma importância que o diagnóstico de ambas as patologias seja feito precocemente.

Segundo o Dr. Nilson, é por este motivo que os cardiologistas encaminham os pacientes com suspeita do quadro para a avaliação de um médico do sono. “É muito comum estes pacientes já estarem em tratamento para hipertensão e apresentarem exame de medição da pressão arterial de 24h (MAPA) com aumento dos níveis, inclusive durante o sono.”

Dr. Nilson ainda explica que, com o diagnóstico e o tratamento da apneia, é possível reduzir os riscos de possíveis sequelas, bem como as internações hospitalares, procedimentos invasivos e, até mesmo, as chances de óbito.

“Pessoas roncadoras, que vivem sonolentas e têm um sono fragmentado e não reparador, necessitam da avaliação de um especialista em medicina do sono”, salienta o médico.

Considerado padrão ouro por conta da precisão do diagnóstico, o exame polissonográfico, composto por eletroencefalograma, eletromiograma, eletrocardiograma e eletro-oculograma, consiste em monitorar as variáveis eletrofisiológicas, além de avaliar os fluxos de ar nasal e bucal, movimentos do tórax e abdômen, ronco e oximetria durante o sono do paciente.

“O diagnóstico é feito de forma simples, mas é necessário que o especialista esteja ciente de todas as queixas do paciente”, alerta o Dr. Braz, destacando que a diminuição do peso e a redução no consumo do álcool podem servir como medidas preventivas.

Confira a tabela de sintomas indicativos da SAOS:
Tratamento

A melhor forma de tratar a Apneia Obstrutiva do Sono é analisando a origem e a intensidade do distúrbio. Pessoas obesas têm uma predisposição maior à doença, porém, indivíduos magros, mulheres e crianças também podem desenvolver AOS, por causas multifatoriais.

Os médicos explicam que existe uma classificação de gravidade da doença. Dessa forma, cada paciente tem o tratamento indicado de maneira individualizada, de acordo com a sua necessidade e anatomia, por isso a importância de um acompanhamento especializado.

Atualmente, os principais tratamentos para a doença são o uso de pressão positiva em via aérea (CPAP), aparelhos bucais de avanço mandibular usados durante o sono e confeccionados pelo dentista, terapia fonoaudiológica, e em alguns casos, a resolução pode ser através de cirurgia na região da faringe.

Sobre o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

Fundado em 1974, o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia, possui mais de 40 anos de tradição no atendimento especializado em ouvido, nariz e garganta e durante sua trajetória, ampliou sua competência para outros segmentos, com destaque para Fonoaudiologia, Alergia Respiratória e Imunologia, Distúrbios do Sono, procedimentos para Cirurgia Cérvico-Facial, bem como Buco Maxilo Facial.

Em localização privilegiada, a 300 metros da estação Hospital São Paulo (linha 5-Lilás) e a 800 metros da estação Santa Cruz (linha 1-Azul/linha 5-Lilás), possui 42 leitos, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 10 salas cirúrgicas, realizando em média, mensalmente, 500 cirurgias, 7.500 consultas no ambulatório e pronto-socorro e, aproximadamente, 1.500 exames especializados.

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