Bares e restaurantes com mesas na calçada na região central de São Paulo durante a pandemia de Covid-19 — Foto: Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (7) a ampliação do horário de funcionamento de restaurantes e do comércio em todo o estado. (Veja mais abaixo como era e como fica)
Apesar de relaxar ainda mais as regras, a gestão de João Doria (PSDB) manteve todo estado por mais duas semanas no que nomeou de “fase de transição” da quarentena contra a disseminação do coronavírus.
A partir deste sábado (8), lojas, shoppings, restaurantes, salões de beleza, academias e outros estabelecimentos comerciais poderão operar das 6h às 21h.
A gestão estadual aumentou de 25% para 30% a recomendação de capacidade máxima dos estabelecimentos. Porém, não há lei, multa ou fiscalização para verificar o percentual do público na prática.
Nesta sexta-feira (7), o estado chegou a 99.989 mortes por Covid-19 registradas desde o início da pandemia. Também já foram contabilizados 2.984.182 casos confirmados da doença. A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 78,3% no estado e 76,3% na Grande São Paulo.
Governo de São Paulo anuncia nova flexibilização da quarentena em São Paulo nesta sexta (7) — Foto: Arte/G1
O estado de São Paulo está, desde meados de abril, na chamada “fase de transição” do Plano São Paulo.
Apesar de criado para representar uma etapa intermediária entre a fase vermelha e a laranja, o período transitório permite a abertura dos mesmos setores liberados nessas duas fases, e com horários ainda mais extensos.
Movimentação de consumidores na Rua 25 de Março em São Paulo (SP), neste sábado (24). — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Sem a criação da fase de transição, boa parte do estado estaria atualmente na fase vermelha, a mais restritiva do Plano São Paulo. De acordo com os indicadores do próprio governo estadual, 14 das 17 regiões do estado deveriam estar na fase vermelha porque têm taxa de ocupação de leitos de UTI acima de 75%.
Na última quarta, o governador João Doria chegou a dizer que estava “otimista” com o cenário e que o comitê de saúde avaliava o avanço para fases mais permissivas.
Fases do Plano São Paulo a partir deste sábado (8) — Foto: Arte G1
Média de mortes
Abril foi o mês mais letal no estado de São Paulo de toda a pandemia, com mais de 21,5 mil novas mortes por Covid, número 161% maior do que o pior mês de 2020. Em maio, a média diária de novas mortes está em estabilidade, mas ainda em patamar muito elevado.
A média móvel de novas mortes por Covid é de 543 nesta sexta-feira (7), valor 15% menor do que o registrado há 14 dias, o que para especialistas indica tendência de estabilidade da epidemia.
A média atual de 543 mortes diárias ainda é o dobro da registrada no início de março, logo antes de o estado entrar no pico de alta de todos os indicadores da doença.
Internações param de cair
No estado de São Paulo, o número diário de novas internações pela doença, que estava em queda, parou de cair há pouco mais de uma semana. A média móvel de internações chegou ao seu maior nível em 26 de março, com 3.399 hospitalizações ao dia.
Desde então, o índice passou a cair seguidamente mas, desde o final de abril, o indicador está estável. Na terça (4), a média foi de 2.222 internações diárias. O número é apenas 5% menor do que o verificado 14 dias atrás, o que indica tendência de estabilidade.
Na última semana, a queda ficou ainda mais discreta: o índice desta terça foi praticamente idêntico ao verificado 7 dias atrás, em 27 de abril, quando a média era de 2.223 internações ao dia.
Após um mês de queda, a média diária de novas internações por Covid-19 chegou a subir por alguns dias no final de abril.
Segundo especialistas, ainda é cedo para avaliar se a curva voltará a subir de forma constante ou entrará em estabilidade, mas eles alertam que a desaceleração da queda é um ponto de atenção.
“Os dados dos últimos dois dias começam a indicar essa estabilização. Talvez sugira uma tendência até de piora. Então, na melhor das hipóteses, a gente deixou de melhorar. A gente estabilizou, mas estabilizou num patamar muito alto”, afirmou o epidemiologista Marcio Bittencourt em entrevista ao G1 nesta quinta.
A chegada do inverno também preocupa porque a pressão nos hospitais costuma aumentar por conta de outras doenças respiratórias, AVCs e infartos.
“Se a gente entrar neste período [inverno] com a taxa atual, mesmo que estável, mesmo que sem nenhuma piora, já é uma situação bastante preocupante”, completou Bittencourt.
Por Lívia Machado, Patrícia Figueiredo e Marina Pinhoni, G1 SP — São Paulo