Não há indícios de que a variante P.1 de Manaus seja mais letal, diz estudo inédito

Um estudo que está em avaliação sugere que não há indícios de que a variante P.1 do novo coronavírus, com origem provável no Amazonas, seja mais letal, tanto para internações hospitalares como para internações em UTI.  Dois artigos que saíram este mês na revista “The Lancet” também sugerem que a variante do Reino Unido não é mais letal do que as anteriores.

Os pesquisadores analisaram dados de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave devido à Covid-19, extraídos do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe do Ministério da Saúde, para quatro metrópoles expressivamente afetadas na pandemia:  Manaus, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. De forma geral, em Manaus, no mês de janeiro de 2021, quando a variante P.1 circulou fortemente, a letalidade hospitalar foi semelhante e, a letalidade em UTI, foi significativamente menor, quando comparadas às respectivas letalidades de abril de 2020, sem a P.1. Em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, os resultados apresentaram um padrão parecido ao de Manaus, com a letalidade hospitalar e em UTI sendo semelhante ou menor em janeiro de 2021, quando comparado ao mês de referência de 2020.

A pior de todas as variantes continua sendo a má gestão.Pelo estudo, é possível inferir que o maior número de mortos este ano não foi causado diretamente pela letalidade da variante, mas sim pelo relaxamento das restrições à circulação nas cidades, o que favoreceu a disseminação descontrolada do novo coronavírus. Em especial da P.1, uma variante com capacidade de infectar um número maior de pessoas.

É como um ciclo vicioso: mais gente infectada, mais doentes, mais casos graves, menos leitos, menos médicos e enfermeiros e mais mortes. Quanto menos recursos e estrutura médico-hospitalar, como foi o caso de Manaus, mais a P.1 mata. No entanto, indiretamente.

Se a P.1 fosse de fato mais letal, cinco meses após o seu surgimento, haveria provas, argumentam os pesquisadores . Mas, na prática, não há evidência laboratorial, histopatológica, clínica e nem epidemiológica.