POR RAFAEL GARCIA | OGLOBO
Duas entidades médicas emitiram ontem um comunicado conjunto anunciando apoio à decisão do Ministério da Saúde de recomendar a vacinação contra Covid-19 para gestantes, destacando que é importante especialmente para aquelas que sejam obesas, diabéticas ou hipertensas.
Subscrevem o posicionamento a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Para as associações, mesmo que não haja ainda resultado de testes clínicos dos imunizantes nesse grupo populacional, o coronavírus é uma ameaça grave demais para ser ignorado.
“As vacinas Covid-19 com diferentes tecnologias atualmente disponíveis no Brasil, ainda não foram testadas em gestantes, puérperas e lactantes, não havendo dados e informações definitivas sobre os seus efeitos nessas populações específicas. Entretanto, em estudos em animais não mostraram ter efeito teratogênico (má formação nos fetos)”, afirma o comunicado, assinado pelos médicos Airton Golbert (SBD) e Cristina Façanha (SBEM).
“A urgência em se posicionar sobre essa população, mesmo com ausência de evidências, decorre do maior risco de complicações que as gestantes e seus bebês apresentam quando infectados pelo vírus”, afirmam os especialistas.
Os médicos esperam que os dados sobre segurança das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZenecasejam anunciados em algum momento.
— O que saiu anteontem, extraoficialmente ainda, é que as vacinas da Pfizer e da Moderna foram estudadas em gestantes e parecem ser seguras. Entretanto, estas duas vacinas não estão disponíveis no Brasil — explica o endocrinologista Cesar Boguszewski, presidente da SBEM.
Segundo o médico, as entidades decidiram se posicionar porque a recomendação federal reforçou o caráter não obrigatório da recomendação, e não versou especificamente sobre as gestantes com comorbidades.
— A nota da SBEM e da SBD procurou enfatizar os aspectos na população com diabetes, obesidade e hipertensão que tem riscos, e esta seria sem dúvida uma população específica que deveria considerar ainda mais a vacinação — afirma Boguszewski. — Até onde sei, não existem relatos oficiais de efeitos adversos graves relevantes no grupo de grávidas, puérperas e lactantes. O que existe é uma gravidade associada com a Covid-19 e não com a vacinação.