A Índia ultrapassou o Brasil nesta segunda-feira (12) como o segundo país com o maior número de casos confirmados de coronavírus, após registrar mais um recorde diário de novos infectados.
Foram mais de 168 mil novos casos nas últimas 24 horas, e agora o total de infectados é de 13,52 milhões, contra 13,48 milhões do Brasil. Os Estados Unidos lideram o ranking com 31,2 milhões.
Segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, a Índia é quarto país em número de mortes (170 mil), atrás de EUA (562 mil), Brasil (353 mil) e México (209 mil).
O país enfrenta uma segunda onda de casos muito mais forte que a primeira, que ocorreu em setembro e não chegou a ter nenhum dia com mais de 100 mil novos infectados.
Mas ela tem sido menos letal, segundo dados do governo indiano. Foram 904 óbitos nas últimas 24 horas, ainda abaixo do pico de 1,3 mil mortes em setembro.
Especialistas apontam como causas do novo surto: as aglomerações de pessoas, em sua maioria sem máscaras; as festas religiosas; os comícios eleitorais; e as novas variantes.
“Todo o país foi complacente: permitimos concentrações sociais, religiosas e políticas”, afirmou Rajib Dasgupta, professor de saúde da Universidade Jawaharlal Nehru, à agência de notícias France Presse.
Devotos fazem mergulhos sagrados no rio Ganges, durante o Shahi snan (festival hindu Kumbh Mela), nesta segund-feira (12) em Haridwar, na Índia — Foto: Karma Sonam/AP
O país registrou mais 938 mil casos nos últimos sete dias, uma alta de 70% na comparação com a semana anterior. No mesmo período, o Brasil registrou 497 mil e os EUA, 490 mil.
Com uma média de mais de 130 mil casos por dia, hospitais em todo o país estão ficando lotados de pacientes e os especialistas temem que o pior ainda esteja por vir.
A alta de caos na Índia ocorre após o país chegar a registrar menos de 9 mil casos diários em fevereiro, e levou os estados mais afetados a anunciar diversas medidas de restrição.
Sem lockdown nacional
O governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, se recusa a adotar um lockdown nacional, depois que o primeiro, adotado no ano passado, teve um forte impacto econômico.
Mas Modi pediu aos estados que decidissem sobre a imposição de restrições locais para conter a disseminação do vírus.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, toma a segunda 2ª da vacina contra a Covid-19 e diz que ‘a vacinação é uma das poucas maneiras de derrotar o vírus’ — Foto: Twitter/Narendra Modi
O estado mais rico do país, Maharashtra, é o que registra mais casos e adotou diversas medidas, como o fechamento do comércio e a proibição de reunião de mais de quatro pessoas.
A região, cuja capital é Mumbai, centro financeiro da Índia, tem registrado metade dos novos infectados e também adotou um toque de recolher noturno e confinamento nos fins de semana.
Vacinação contra Covid
O recorde de casos ocorre em meio à aceleração da vacinação no país. A Índia é o maior produtor mundial de vacinas e iniciou em janeiro sua campanha de imunização, que demorou a engrenar.
A Índia é o terceiro país que mais aplicou doses até o momento (101 milhões), atrás apenas de EUA (183 milhões) e China (164 milhões), segundo o Our World in Data, projeto ligado à Universidade de Oxford.
O país passou a restringir a exportação de vacinas contra a Covid-19 para aumentar a velocidade de vacinação, o que tem mostrado resultado.
A Índia é o segundo em vacinas aplicadas por dia (média de 3,66 milhões na última semana), atrás de China (3,97 milhões) e à frente dos EUA (3,11 milhões). Até fevereiro, a média diária era inferior a 500 mil por dia.
Mas centros de vacinação em vários estados, incluindo Maharashtra, têm fechado cedo e recusam pessoas à medida que os imunizantes acabam.
E o país tem uma vacinação proporcional à população ainda pequena (7,36 doses a cada 100 habitantes), número muito inferior ao dos EUA (54,86) e menor até que o da China (11,43), país mais populoso do mundo, e da média mundial (9,92).
Aviso sobre falta de vacinas contra a Covid-19 em centro de vacinação em Mumbai, na Índia, em 8 de abril — Foto: Francis Mascarenhas/Reuters