O Ministério Público negou na noite desta segunda-feira o pedido da Federação Paulista de Futebol pela reavaliação da paralisação do Campeonato Paulista pelos próximos 15 dias.
Dessa maneira, FPF e clubes vão se reunir nesta terça para discutir alternativas – a continuidade do campeonato fora do estado estará em pauta.
Em reunião com os representantes das partes envolvidas na noite desta segunda, a FPF apresentou um protocolo específico para a fase emergencial decretada no estado de São Paulo, válido entre 15 e 30 de março. Alguns pontos apresentados foram:
- Redução de 75 para 33 jogos no período (25 da Série A1, oito da Série A2 e a pausa na Série A3);
- Reforço do sistema de “bolha” para a realização dos jogos;
- Testagem para Covid-19 antes e depois das partidas;
- Redução de 70% do efetivo de funcionários nos estádios;
- Conscientização de PM e Guarda Civil junto às torcidas para evitar aglomerações;
- Jogadores entrando em campo com máscaras para reforçar a conscientização.
O jogo entre São Bento e Palmeiras, nesta quarta-feira, passou para Belo Horizonte, no estádio Independência. A partida é atrasada da terceira rodada e servirá como uma espécie de teste para a possível sequência do Paulistão fora de São Paulo. O Palmeiras montou um protocolo especial para essa viagem.
Uma reunião na manhã desta segunda-feira havia jogado para as mãos do Ministério Público a decisão sobre a manutenção da pausa de duas semanas no Campeonato Paulista. Participaram do encontro representantes do Governo do Estado de São Paulo e da Federação Paulista de Futebol.
Na última quinta-feira, o governo estadual anunciou a suspensão, por 15 dias, das atividades esportivas, incluindo o Campeonato Paulista, como uma das medidas de contenção do novo coronavírus. Inicialmente, a pausa vai desta segunda-feira até 30 de março – e atinge três rodadas da competição.
Federação Paulista de Futebol defendeu continuação do campeonato — Foto: Emilio Botta
Por que parou
A paralisação foi uma recomendação justamente do Ministério Público e incluía atividades religiosas. Na quinta, ao justificar a decisão, João Medina, do Centro de Contingência da Covid-19 do governo paulista, citou o pedido do MP.
– Estamos em uma fase emergencial. Tem prejuízo para todos os setores. Tem um sofrimento para toda a sociedade, toda a atividade econômica. Em relação ao futebol, estamos atendendo a um ofício, uma recomendação do Ministério Público Estadual. Isso fugiu da nossa alçada – afirmou Medina.
No encontro desta manhã, ficou definido que o campeonato poderá ser retomado, desde que com a concordância do Ministério Público. A Federação Paulista tenta se reunir com o órgão ainda nesta segunda-feira. Em nota oficial, a entidade que comanda o futebol em SP se manifestou da seguinte forma:
“A Federação Paulista de Futebol reuniu-se na manhã desta segunda-feira (15) com Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico, Aildo Rodrigues Ferreira, secretário de Esportes, e Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional, no Palácio dos Bandeirantes, para tratar da continuidade do Campeonato Paulista na Fase Emergencial. A FPF agora se reunirá com o Ministério Público Estadual. Por esta razão, as reuniões que estavam agendadas com os clubes nesta segunda-feira foram adiadas para terça-feira.”
Independência recebe São Bento x Palmeiras e servirá de teste para FPF — Foto: Divulgação
Indefinição
Depois de anunciada a decisão da última quinta-feira, a Federação se reuniu com os clubes, informou que outros Estados haviam se disponibilizado a receber os jogos do Paulistão, marcou uma reunião com o governo estadual e passou a trabalhar em um endurecimento das medidas de controle sanitário.
Até agora, foram disputadas quatro de 12 rodadas previstas para a primeira fase do Campeonato Paulista.
Enquanto isso, São Paulo vive seu pior momento na pandemia, batendo recordes de mortes diárias e vendo a ocupação de UTIs chegar a 88,4% no Estado e a 90% na Região Metropolitana.
POR André Hernan — São Paulo