A Prefeitura de Presidente Venceslau (SP) confirmou nesta quarta-feira (10) a confirmação da presença da variante de Manaus (AM) do novo coronavírus na cidade.
Foi um paciente, que colheu amostras para exame em fevereiro e cujo resultado saiu na terça-feira (9) com a confirmação da nova cepa.
Presidente Venceslau é a segunda cidade do Oeste Paulista a ter a confirmação da variante de Manaus.
A primeira foi Dracena (SP), que divulgação a confirmação na semana passada.
Maior carga viral
Um estudo feito por pesquisadores da Fiocruz aponta que adultos infectados pela variante brasileira P.1 do coronavírus, identificada primeiro no Amazonas, têm uma carga viral – quantidade de vírus no corpo – dez vezes maior do que adultos infectados por outras “versões” do vírus. Uma maior carga viral contribui para que a variante se espalhe mais rápido.
A pesquisa ainda não foi revisada por outros cientistas nem publicada em revista, mas está disponível on-line.
“[Se] a pessoa tem mais carga viral nas vias aéreas superiores, a tendência é que ela vai estar expelindo mais vírus – e, se ela está expelindo mais vírus, a chance de uma pessoa se infectar próxima a ela é maior”, explicou Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazonas e líder do estudo.
Os pesquisadores analisaram 250 códigos genéticos do coronavírus durante quase um ano. A amostragem cobriu o primeiro pico da doença, em abril, e o segundo, no final do ano passado e no início de 2021.
Eles perceberam que essa maior quantidade de vírus não acontecia, entretanto, nos homens idosos (acima de 59 anos). Uma possível explicação para isso é que a resposta imune de homens idosos tende a não ser tão eficiente de forma geral.
“Em homens mais velhos, a resposta imune já não consegue responder tão eficientemente, e aí não teve diferença sendo P.1 ou o outro [vírus]”, apontou Felipe Naveca.
Também é possível que isso tenha acontecido nesse grupo porque a quantidade de pessoas analisadas nessa faixa etária foi menor, explicou o pesquisador Tiago Gräf, também autor do estudo, em uma publicação na rede social Twitter.
Felipe Naveca afirmou, entretanto, que não há relação entre quantidade de vírus no corpo e gravidade da doença ou, até mesmo, presença deles.
“Carga viral não está relacionada com gravidade – a gente tem pacientes com alta carga viral e sintomas muito leves ou até sem sintomas”, disse o pesquisador.
A P.1 já vinha sendo apontada por vários pesquisadores ao redor do mundo como mais transmissível, por causa de mutações que ela sofre na região que o vírus usa para infectar as células humanas.
Relaxamento e disseminação
Os pesquisadores também apontaram que o espalhamento da P.1 se deu por uma combinação de fatores relacionados ao próprio vírus e ao relaxamento do distanciamento social no Amazonas.
Os cientistas indicaram que as chamadas intervenções não farmacêuticas – como uso de máscaras e distanciamento social – em abril do ano passado foram “suficientemente eficazes” em reduzir a velocidade de transmissão do vírus no Estado, mas não em colocar a epidemia sob controle.
Isso permitiu ao vírus sofrer mutações e contribuiu para o surgimento, em novembro, da P.1 – que logo se tornou dominante.
“A falta de distanciamento social eficiente e outras medidas de mitigação provavelmente aceleraram a transmissão precoce da variante de preocupação [VOC, na sigla em inglês] P.1, enquanto a alta transmissibilidade desta variante alimentou ainda mais o rápido aumento de casos de SARS-CoV-2 e hospitalizações observados em Manaus após seu surgimento”, pontuaram os pesquisadores brasileiros.
Eles reforçaram, ainda, que “a fraca adoção de intervenções não farmacêuticas, como ocorreu no Amazonas e em outros estados brasileiros, representa um risco significativo para o contínuo surgimento e disseminação de novas variantes”.
POR G1 | PRESIDENTE PRUDENTE / TV FRONTEIRA