Três cidades do noroeste paulista não registram mortes por Covid-19 em quase um ano de pandemia

Município de Vitória Brasil visto de cima  — Foto: Divulgação/Prefeitura de Vitória Brasil

Município de Vitória Brasil visto de cima — Foto: Divulgação/Prefeitura de Vitória Brasil

Quase um ano após o início da pandemia, o Brasil ultrapassou 226 mil mortes por coronavírus. Contudo, três dos 144 municípios do noroeste paulista passaram por esse período sem registrar nenhum óbito pela Covid-19.

Segundo levantamento feito pelo G1, as cidades de Vitória Brasil, Rubiácea e Bento de Abreu (SP) não tinham entrado para a estatística até a tarde desta terça-feira (2).

Juntos, os municípios têm 8.013 moradores, segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número não representa nem 2% do total de habitantes de São José do Rio Preto (SP), cidade que possui o maior número de mortes provocadas pela Covid-19 na região.

De acordo com o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro integrante do Centro de Contingenciamento de Coronavírus da Secretaria Estadual de Saúde, Carlos Fortaleza, o fato de as três cidades ainda não registrarem óbitos é mera probabilidade estatística.

“Não é nada mais do que isso. As mortes são uma porcentagem pequena dos casos de Covid-19. Não estou dizendo isso para diminuir a força da Covid-19. Ela é terrível. Mas, por exemplo, a taxa de letalidade geral é abaixo dos 2%”, afirma.

“Ela é alta em idosos, mas é abaixo de 2%. Isso significa que em 1 mil pessoas que adoecem, cinco morrem. Por isso, existem chances probabilísticas de que em uma cidade pequena, com poucos habitantes, ninguém morra”, complementa.

Virologista tira dúvidas sobre a CoronaVac

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Segundo Carlos Fortaleza, estudos comprovam que a Covid-19 chegou mais tarde em municípios com atividades predominantemente rurais.

“Isso é um fato e realmente aconteceu. Não quer dizer que as pessoas moram no mato. Se a Covid-19 chegou tardiamente nos municípios, ela teve menos tempo de acometer pessoas e, consequentemente, provocar mortes. É mera probabilidade. A genética das pessoas dessas cidades não é melhor. Portanto, os moradores não podem relaxar”, diz.

Ações contra a Covid-19

Bento de Abreu optou por não relaxar, realizando bloqueio sanitário nas entradas do município, além de colocar em prática outras medidas. Desde o início da pandemia, 102 moradores foram infectados pelo novo coronavírus. Deste total, 98 estão curados.

“Nós temos um espaço separado da Unidade Básica de Saúde (UBS) para pacientes com sintomas gripais. O morador não entra na unidade, que é um local de mais risco. Os pacientes são medicados, colhemos o exame no período correto e fazemos uma orientação”, afirma a Coordenadora de Saúde, Rosangela Mendes Salesse.

Rubiácea também adotou medidas parecidas com a de Bento de Abreu para evitar mortes provocadas pela Covid-19. Atualmente, o município contabiliza 82 casos positivos da doença, dos quais 78 estão recuperados.

“Nós conseguimos atender os pacientes com sintomas e fazer um rápido isolamento familiar. As pessoas ficam isoladas, sendo acompanhadas e medicadas pelas equipes médicas. Também fazemos fiscalizações noturnas em bares e comércios que estão proibidos de abrir as portas”, diz o Secretário municipal de saúde de Rubiácea, Tiago Vinicius Santiago.

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Vitória Brasil não ficou para trás de Rubiácea e Bento de Abreu. A cidade organizou uma forma para também dar assistência aos pacientes pelo telefone e oferecer atendimento de enfermeiros ao mesmo tempo. A cidade acumula 74 infecções confirmadas de Covid-19, sendo que todos os pacientes estão curados da doença.

“Todo e qualquer paciente que apresentar os sintomas da doença deve ser colocado em isolamento. Os demais pacientes devem ser orientados sobre aspectos de prevenção da doença”, conta Neuzeli Adriana Rossini Masson, secretária de Saúde de Vitória Brasil.

Vacinação

 

Além de adotarem medidas sanitárias parecidas, Vitória Brasil, Rubiácea e Bento de Abreu começaram a imunização contra a doença em 21 de janeiro. As primeiras doses da CoronaVac foram aplicadas em profissionais da saúde que atuam no enfrentamento à Covid-19.

Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceira com o Instituto Butantan, a vacina obteve, por unanimidade, autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial no dia 17 de janeiro.

CoronaVac registrou 50,38% de eficácia global nos testes realizados no Brasil, segundo o Instituto Butantan. O anúncio ocorreu no dia 12 de janeiro durante coletiva de imprensa em São Paulo.

Profissional de saúde sendo vacinada com a CoronaVac em Rubiácea  — Foto: Divulgação/Prefeitura de Rubiácea

Profissional de saúde sendo vacinada com a CoronaVac em Rubiácea — Foto: Divulgação/Prefeitura de Rubiácea

Mesmo que os municípios permaneçam sem óbitos por conta da doença, o início da vacinação é uma luz no fim do túnel, principalmente para evitar que pacientes evoluam para óbito.

Por isso, os moradores ainda precisam respeitar o distanciamento social e uso de máscaras de proteção. No entanto, a imunização é a esperança de que a tradicional conversa na praça da matriz volte a acontecer de forma segura.